Zoom / Entrevista com o diretor Pedro Morelli

"Zoom" chega aos cinemas nessa semana e entrevistamos o diretor Pedro Morelli.

O filme nacional conta simultaneamente três histórias: Emma decide investir suas economias em um implante de silicone, que dá errado. Sem dinheiro para remover os implantes, ela vai achar um meio – mesmo que ilegal – para voltar atrás. Edward, vaidoso cineasta canadense, precisa refilmar o final de seu filme de arte e, inexplicavelmente, começa a ter graves problemas sexuais. E Michelle, modelo brasileira que vive no Canadá, volta ao Brasil para escrever um livro e quebrar seu bloqueio criativo, mas sem querer, fica presa entre seus dois mundos.

Confira a nossa entrevista com Pedro Morelli, diretor do longa:

OS GEEKS - Olá, Pedro, tudo bem? Gostaria de iniciar nosso bate papo falando sobre a certa 'ousadia' em desenvolver um filme como esse. Misturando personagens reais com animações e intercalando com várias tramas, a produção se destaca do convencional. Você teve dificuldades que esse projeto fosse aceito, tirado do papel?

PEDRO MORELLI - Na verdade o projeto nasceu com essa proposta de fazer algo não convencional. Fui convidado pelo produtor canadense Niv Fichman pra criar um projeto que fosse original e ousado. Eu tinha 23 anos quando ele me chamou, e a única coisa que ele pediu era que o filme não tentasse se encaixar em convenções. Então eu tinha mesmo que criar algo diferente, e assim foi!

O.G. - Até que um filme chegue, de fato, as telonas de um cinema, requer bastante trabalho; conte-nos um pouco sobre os desafios encontrados.

PEDRO - Foram 5 anos e meio trabalhando no filme até ele ficar pronto, sendo que desse tempo, 4 anos foram dedicados ao roteiro. Foram tantas versões que uma hora paramos de contar. O roteiro é sem dúvida a parte mais árdua, até porque você pode mudar o que quiser, tem muita liberdade, as opções são infinitas, então é muito fácil se perder. A filmagem é a parte mais intensa do trabalho, porque é cara, e os prazos são apertados. Mas pelo menos você já sabe o que está buscando, então o foco é maior. E a finalização, no caso desse filme, foi homérica. Tem muitos efeitos especiais, inclusive 30 minutos de animação! Não teve parte fácil nesse filme.

O.G. - Considera que atualmente projetos que fujam do 'tradicional', com roteiros mais elaborados e amplos conseguem ter uma aceitação maior tanto por parte do público quanto de produtores, executivos do cinema?

PEDRO - Será? não sei não. Ainda vejo que os maiores sucessos de bilheteria são os filmes mais convencionais. Mega produções americanas, muitas vezes sequências de outros filmes, e no Brasil as comédias. Acho que o cinema que foge do tradicional ainda precisa cavar um pouco mais pra achar seu espaço com o público. Espero que o "Zoom" encontre o seu!

Pedro Morelli ao lado do também diretor Quico Meirelles no set de filmagens da série "Contos do Edgar"

O.G. - Esse seu lado de ousar e buscar algo novo já foi bem percebido pelo público com a série "Contos do Edgar", transmitida pela Fox. Como foi esse projeto? Conte-nos sobre a importância para a sua carreira e a abertura que te deu para novos projetos.

PEDRO - É verdade, no 'contos' a gente brincou bastante com gêneros e tentou fugir do convencional de uma série de terror. O mais esperado ao se adaptar Edgar Allan Poe é fazer um filme de terror padrão, como já se fez tantas vezes. Na nossa série, a ideia foi abrasileirar bastante as histórias e fazer uma adaptação levemente irônica e tupiniquim, mas sem perder a tensão que as histórias originais sugerem. A série foi muito bem avaliada e me abriu muitas portas sim!

O.G. - Desde pequeno você já estava envolvido com esse mundo do cinema? Qual a influência do seu pai, o também diretor Paulo Morelli na escolha do seu caminho dentro do audiovisual?

PEDRO - A influência é enorme. Sempre fui a sets de filmagem desde criança, e sempre tive vontade de trabalhar com isso. Quando chegou a hora de fazer vestibular eu fiquei na dúvida se estava prestando cinema por influência dele ou por vontade própria. Mas hoje tenho certeza de que minha vida é dentro do cinema, isso já faz parte de mim.

O.G. - Como define o filme "Zoom"? Como está o processo de divulgação do filme aqui no Brasil?

PEDRO - Eu gosto de dizer que o filme é uma comédia metalinguística. Uma aventura pop, que brinca muito com a estética e com a estrutura de uma história dentro da outra. A divulgação está sendo bem bacana, estamos tentado formatos novos. Fizemos um video em VR (virtual reality), que está no facebook do filme (zoomofilme) e é uma imersão no mundo da animação. E fizemos também um jogo de facebook que usa dados e fotos do participante pra fazer uma ilustração com a cara dele. Chama zoomyourself. Acho que essas formas são bacanas pra se comunicar com o público jovem, o alvo do filme.

Vídeo em Virtual Reality disponível no perfil oficial do filme no Facebook

Aplicativo chamado "ZoomYourself", criado para divulgar o filme

O.G. - Conte-nos um pouco sobre como foi o trabalho de direção com tantos atores talentosos e diversificados?

PEDRO - Foi uma loucura, hehe. Cada história tem uma estética diferente, inclusive para o acting. Então foi como fazer 3 filmes diferentes. A parte do Gael foi a mais diferente pra filmar, pois a gente filmou em cenários muito simplificados, em estúdio, e os atores tinham que imaginar que o cenário seria desenhado depois. E cada uma das outras histórias tem pegadas de acting diferentes também, a parte da Mariana é mais naturalista (até certo ponto) e a parte da Alisson Pill é mais estilizada, marcada, irônica. Juntar tudo isso no mesmo filme foi o maior desafio!

O.G. - O nosso site dá muitas dicas de filmes, livros e séries. Pode nos deixar as suas indicações? O que tem assistido ultimamente?

PEDRO - Estou num momento de mergulhar em séries. A mais surpreendente que vi ultimamente foi "Transparent". Extremamente sensível e bem humorado ao mesmo tempo.

O.G. - Quais são seus próximos projetos? Pode nos adiantar? :-)

PEDRO - Ainda não tenho nada fechado. Estou naquele momento de escolher em qual aventura embarcar!

O.G. - Obrigado mesmo pela disponibilidade e atenção dada ao nosso projeto. E que possamos ter cada vez mais incentivos a jovens cineastas talentosos, como você Pedro.

É uma honra poder bater um papo contigo.

Obrigado!