3% - 1x01: "Capítulo 1: Cubos"

"Os jovens de 20 anos do Continente chegam às modernas instalações onde passarão pelo Processo, sua única chance de ir para o mundo de privilégios do Maralto."

Para quem não sabe, a Netflix lançou hoje (25/11) a sua primeira série original brasileira: "3%". Baseada na websérie criada por Pedro Aguilera e lançada no Youtube em 2011.

Cinco anos se passaram para que o projeto fosse aceito por alguma empresa para dar continuidade... e nada melhor do que ser aceito pela Netflix, uma das poderosos no quesito produção e qualidade nos últimos anos e que vem buscando mostrar forças também em suas produções originais aqui no Brasil. Podemos até dizer que Pedro Aguilera acabou passando no próprio processo seletivo criterioso que havia criado para o seu universo... e passou com louvores.

Assistimos ao primeiro episódio "Capítulo 01: Cubos", lembrando que todos os 8 episódios dessa primeira temporada já se encontram disponíveis no sistema da Netflix, e podemos dizer que a série é uma grata surpresa em meio a tantas produções meio duvidosas que o Brasil tenta emplacar, buscando ampliar os gêneros.

Os cubos, mencionados no título, fazem parte de uma das provas pelos quais os selecionados passam durante o episódio e é bem sugestivo ter sido escolhido.

Atenção contém Spoilers

Rafael (Rodolfo Valente) já havia trapaceado ao forjar o seu registro para poder ser aprovado para a próxima etapa do processo. Joana (Vaneza Oliveira) já havia percebido o detalhe e desmascarado o jovem, porém o fato havia se restringido apenas aos dois.

A ambição de passar no processo faz com que Rafael trapacei novamente e justamente na primeira prova: a dos cubos, eliminando injustamente outro candidato. A diferença é que esse episódio desperta a ira dos demais e traz a tona uma outra identidade do jovem.

Assim acontece durante o decorrer do episódio ao percebermos que Michele (Bianca Comparato) não é bem a boa moça que fomos apresentados no começo. Assim como também segredos estão sendo bem escondidos por Ezequiel (João Miguel), uma espécie de líder dessa seleção.

Nada é o que aparenta ser de verdade nesse jogo todo.

"3%" conseguiu mostrar toda a marginalidade e diversidade que o Brasil possui nos dias atuais, trazendo para essa realidade de um futuro distópico, porém não tão distante do nosso presente

Temos o Marco (Rafael Lozano) que carrega o sobrenome da família Alvarez que sempre é aprovada na seleção, o que desperta o estranhamento de outros candidatos.

Há também o Fernando (Michel Gomes), jovem cadeirante e negro que acaba revelando ser um peso para o pai durante o processo.

Destaque total para o elenco jovem que consegue entregar interpretações incríveis de seus personagens. Menção ao personagem vivido pela atriz Bianca Comparato, que se torna a protagonista da série e a personagem da Vaneza Oliveira que ganha força e destaque no decorrer das cenas.

Além, é claro do "diretor" de todo o processo de seleção vivido de forma primaz pelo ator João Miguel. Toda a dramaticidade e mistério estão ali no seu personagem. Existem algumas diferenças da websérie lançada em 2011 para com essa da Netflix. A primeira que se nota é a direção de arte de ambas. Existe uma inversão de tonalidades de cores. O carregamento de cinza presente era bem mais observado nas tonalidades dos habitantes do continente, até mesmo em seus 'uniformes' durante o processo, porém na série da Netflix o que vemos são cores mais fortes e vibrantes pelo lado "pobre" e menos vivas e cinzas pelo lado "rico".

Além de termos algumas mudanças nos personagens. A versão da internet temos a Bruna, vivida pela atriz Julia Ianina que é totalmente diferente de Michele, vivida por Bianca Comparato.

De toda forma, são apenas alguns comparativos. Ambas produções são de excelentes qualidades. E nada melhor do que vermos algumas mudanças em toda a trajetória para nos surpreendemos a cada novo episódio.

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